De Wilson Correia**
Para começo de conversa, fascinante é o ser que provoca fascínio, em sinonímia com o admirável, o deslumbrante, o impressionante e o maravilhoso.
Isto: a mulher fascinante deixa a gente maravilhada.
É uma maravilha.
Ela impressiona sem impressionismos artificiais: somente é e está.
O deslumbramento nela não vem do batom, nem da roupa nem de apetrechos pendurados no corpo, mas da suavidade sutil com que nos queima, somente estando ali, naquela hora e naquele lugar em que nos encontramos.
Daí seu ser admirável, pois sabendo o que é e quer, sabe o que tem e pode dar, deixando isso claro ao homem para quem é mais, muito mais do que mera justaposição.
Sim!
Uma mulher fascinante tem o poder naturalíssimo de somar quando tudo conspira por dividir.
Ela entende olhares de dois em simbiose consciente mirando direções opostas: conta mesmo é o que ajunta, enriquece, amplia.Verdade!
Uma mulher fascinante nos quer amplos, não uns achatados na desqualificação eventualmente produzida pelo nosso ser.
Ela alcança a estrela e nos estende a mão, no lado-a-lado, e no alto, confortável onde ambos podemos nos realizar...
Sério! Uma mulher fascinante nos quer à altura de nossos sonhos, e não na baixeza de caprichos infantis, tais como os de acorrentar para possuir, controlar em disfarce de cuidado, sufocar em nome do zelo ou vigiar por segurança, que, diga-se de passagem, é carência dela, e não uma necessidade que possamos apresentar.
É verdade!
Uma mulher fascinante entende aquilo de que precisamos. E vai fundo, escarafuncha nossos desejos e nossos quereres, sabendo-os habitats em que também ela pode estar, lá onde um dos dois é se o outro bate o cartão, em sintonia aqui, ali ou acolá. Aí o meu e o seu se rendem ao nosso, algo muito maior.
É!... Uma mulher fascinante entende que uma porção de coisas foi feita para ser ressignificada, vencida, colocada sob os pés, seja física, psíquica ou moral essa porção, valendo até a presença na ausência, direito de toda pessoa.
Uma mulher fascinante respeita, sim. Não por servidão voluntária ou “amelianismo” desfigurado, mas por compreender que o humano noutro humano só é viável se o respeito for a rede em que cada um estica o esqueleto.
A segurança dela vem não de se ver conquistada, mas por ver-se como alguém que se conquistou no homem que escolheu para ter ao lado, junto, parceiro, quando e da maneira que lhe convier. Em reciprocidade!
Uma mulher fascinante faz-se no enlevo do encontro.
Não está nem aí para regrinhas exteriores, muito menos para coisas tipo RG.
Ela tem a tranqüilidade dos simples mortais, a serenidade dos verdes e dos maduros, simultaneamente.
Ela pode ter 15 anos para certas coisas; 40 para outras; 30 para um tanto delas; 25 para as demais; cem anos para um monte dentre as conhecidas e... zero (isto: zero!) para aquelas a serem criadas por ela e seu par, posto que a vida faz-se invenção.
Por essas e outras coisas, uma mulher fascinante é simplesmente isto: presença sábia em nós, a qual, simplesmente por ser o que é, tolhe nossas tolices e nos eleva bem lá onde ela nos quer, certa de que é lá que a queremos, em pé de igualdade.
Pena! Muitas mulheres fascinantes estão por aí, camufladas em horrendas megeras!
Lástima! Muitos de nós, de igual modo, estamos embrutecidos, exilados do universo fascinante que pode ser uma mulher!
*Publicado no Diário da Manhã, dia 26.08.2009, p. 05.**Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009.
Wilson Correia
Publicado no Recanto das Letras em 23/08/2009Código do texto: T1770321
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